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quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Soneto do Amor

Amor é um fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói e não se sente;
é um contentamento descontente;
é dor que desatina sem doer.


É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.


É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.


Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

                                                                    Luís de Camões


Luis Vaz de Camões (1524/25? - 1580)  é considerado o maior poeta renascentista português. Sua biografia é cheia de lendas e nunca pôde ser totalmente reconstituída por falta de documentos. Regressando a Lisboa viveu como boêmio e, por causa de uma briga em que feriu um servidor do paço, foi preso e, em 1553, foi exilado para o Oriente, prestando serviço militar na Índia, Macau e China.

Segundo a lenda, o poeta teria perdido sua amada chinesa, Dinamene, em naufrágio, quando regressava a Macau. Nadando apenas com um braço, teria salvado o manuscrito de seu poema épico "Os Lusíadas". Em 1569 regressou a Lisboa, onde morreu em 10 de junho de 1580.

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