Era pequena, pretinha, esperta e muito peluda. Parecia uma bolinha de pelos quicando atrás de mim.
Eu havia decidido "me dar" um presente de Natal. Queria uma cadelinha Poodle Toy, na cor champanhe. Encomendei-a a um Pet Shop próximo a minha casa. Esperei por uns meses, e em novembro de 1996, a dona do Pet me liga para avisar que havia uma Poodle do jeito que eu queria.
A tarde demorou passar. Saí do trabalho e fui correndo ao Pet. Ao chegar lá, dei com a Poodle champanhe, linda, do jeito que eu sonhei. Mas, grudada em meus calcanhares, tentando mordê-los para chamar minha atenção, havia uma Poodle pretinha, pequenininha, que corria e pulava feito uma bolinha de quicar.
Não resisti e peguei-a no colo. Foi amor à primeira vista. Apaixonei-me por ela e ela por mim. Quando a coloquei no chão ela grudou na barra da minha calça e não me deixou andar. Ficou chorando e pedindo meu colo. Foi impossível ignorar um pedido assim. Por isso, decidi que ela seria minha. E assim foi. Para surpresa da dona do Pet, saí de lá com a Poodle pretinha.
Mas, engano meu. Ela não era minha; eu sim, era dela! Tornou-se minha dona. Mandava no meu coração sem nenhuma reserva. Batizei-a de Sasha. Sasha era minha companheira. Aonde eu ia ela estava junto.
Tínhamos uma gatinha, Nikita, que era muito dócil. A Sasha adotou-a como sua amiga de brincadeiras. Brincavam juntas o dia todo. Comiam juntas a mesma ração de gatos, pois a Sasha não quis a de cães. Quando a Nikita deu cria, a Sasha ficava com ela no ninho ajudando "tomar conta" dos filhotes e aproveitava para lamber as tetas da gata, que, aproveitando a chance dava-lhe um banho de língua.
Quando chegou a época de tirar os filhotes do ninho, a Sasha ofereceu-se para ajudar - enquanto a Nikita levava um filhote ela tentava levar o outro, e era uma confusão. Com o filhote miando a gata não sabia se terminava de carregar aquele que estava em sua boca ou se acudia o que estava com a Sasha. Assim foi até eles cresceram. Eram três. Dois foram doados e um ficou conosco - o Pequeno - que tornou-se o brinquedo predileto da Sasha. Ela o arrastava pelas orelhas e ele, adorando a brincadeira. Era divertido ver os dois.
Sasha amadureceu e tornou-se mãe de três lindos filhotes. Dois foram doados e a única fêmea, Dolly, ficou conosco. Era branquinha e muito linda. Continua conosco até hoje, mas jamais ocupou o lugar da Sasha em meu coração. Agora eram duas mandonas dentro de casa. A Sasha mandando em mim e a Dolly, em meu marido.
O tempo foi passando e a Sasha sempre cuidando de mim. Quando fiquei doente, em uma certa ocasião, ela ficou "de cama" comigo. Só saía para fazer suas necessidades e voltava correndo. Para que ela comesse, meu marido levava a comida dela na cama. Ela comia de olho em mim. Quando eu chorava de dor, ela chorava comigo e me lambia para consolar-me.
Como não amar uma criaturinha assim? Ao envelhecer, ela adquiriu diabetes e ficou cega. Cuidamos dela da melhor maneira possível. Mesmo cega, ela continuou alegre e brincalhona, andava por toda a casa, sempre encontrando o que queria.
Mas, com o passar dos anos, sua condição foi piorando tanto que, aconselhados pela veterinária, tivemos que deixá-la ir embora. Foi uma decisão muito difícil para mim. Eu mesma levei-a ao Hospital Veterinário. Aconcheguei-a em meu peito e, chorando, expliquei a ela o que iria acontecer e o porquê. Ela pareceu entender. Lambeu minha mão, aconchegou-se um pouco mais em mim, como se me consolasse pela última vez. Então fechou os olhinhos e ficou quietinha.
A médica veterinária aplicou-lhe um analgésico, que a fez dormir imediatamente, de tão debilitada que estava. Quando foi dada a anestesia geral para o procedimenhto final, seu coraçãozinho enfraquecido parou de bater.
Isso aconteceu em julho de 2010, ela iria completar 14 anos. Ainda choro sua falta. Minha casa nunca mais será a mesma sem a presença de minha mais fiel amiga e companheira. Seu amor por mim era incondicional. Ela me amava do jeito que sou, sem exigir nada em troca.
A você, Sasha, minha grande amiga, obrigada pelos quase 14 anos de alegria e fidelidade!