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quinta-feira, 14 de abril de 2011

Amor Incondicional

          Era pequena, pretinha, esperta e muito peluda. Parecia uma bolinha de pelos quicando atrás de mim.
          Eu havia decidido "me dar" um presente de Natal. Queria uma cadelinha Poodle Toy, na cor champanhe. Encomendei-a a um Pet Shop próximo a minha casa. Esperei por uns meses, e em novembro de 1996, a dona do Pet me liga para avisar que havia uma Poodle do jeito que eu queria.
          A tarde demorou passar. Saí do trabalho e fui correndo ao Pet. Ao chegar lá, dei com a Poodle champanhe, linda, do jeito que eu sonhei. Mas, grudada em meus calcanhares, tentando mordê-los para chamar minha atenção, havia uma Poodle pretinha, pequenininha, que corria e pulava feito uma bolinha de quicar.
          Não resisti e peguei-a no colo. Foi amor à primeira vista. Apaixonei-me por ela e ela por mim. Quando a coloquei no chão ela grudou na barra da minha calça e não me deixou andar. Ficou chorando e pedindo meu colo. Foi impossível ignorar um pedido assim. Por isso, decidi que ela seria minha. E assim foi. Para surpresa da dona do Pet, saí de lá com a Poodle pretinha.
          Mas, engano meu. Ela não era minha; eu sim, era dela! Tornou-se minha dona. Mandava no meu coração sem nenhuma reserva. Batizei-a de Sasha. Sasha era minha companheira. Aonde eu ia ela estava junto.
          Tínhamos uma gatinha, Nikita, que era muito dócil. A Sasha adotou-a como sua amiga de brincadeiras. Brincavam juntas o dia todo. Comiam juntas a mesma ração de gatos, pois a Sasha não quis a de cães. Quando a Nikita deu cria, a Sasha ficava com ela no ninho ajudando "tomar conta" dos filhotes e aproveitava para lamber as tetas da gata, que, aproveitando a chance dava-lhe um banho de língua.
          Quando chegou a época de tirar os filhotes do ninho, a Sasha ofereceu-se para ajudar - enquanto a Nikita levava um filhote ela tentava levar o outro, e era uma confusão. Com o filhote miando a gata não sabia se terminava de carregar aquele que estava em sua boca ou se acudia o que estava com a Sasha. Assim foi até eles cresceram. Eram três. Dois foram doados e um ficou conosco - o Pequeno - que tornou-se o brinquedo predileto da Sasha. Ela o arrastava pelas orelhas e ele, adorando a brincadeira. Era divertido ver os dois.
          Sasha amadureceu e tornou-se mãe de três lindos filhotes. Dois foram doados e a única fêmea, Dolly, ficou conosco. Era branquinha e muito linda. Continua conosco até hoje, mas jamais ocupou o lugar da Sasha em meu coração. Agora eram duas mandonas dentro de casa. A Sasha mandando em mim e a Dolly, em meu marido.
          O tempo foi passando e a Sasha sempre cuidando de mim. Quando fiquei doente, em uma certa ocasião, ela ficou "de cama" comigo. Só saía para fazer suas necessidades e voltava correndo. Para que ela comesse, meu marido levava a comida dela na cama. Ela comia de olho em mim. Quando eu chorava de dor, ela chorava comigo e me lambia para consolar-me.
          Como não amar uma criaturinha assim? Ao envelhecer, ela adquiriu diabetes e ficou cega. Cuidamos dela da melhor maneira possível. Mesmo cega, ela continuou alegre e brincalhona, andava por toda a casa, sempre encontrando o que queria.
          Mas, com o passar dos anos, sua condição foi piorando tanto que, aconselhados pela veterinária, tivemos que deixá-la ir embora. Foi uma decisão muito difícil para mim. Eu mesma levei-a ao Hospital Veterinário. Aconcheguei-a em meu peito e, chorando, expliquei a ela o que iria acontecer  e o porquê. Ela pareceu entender. Lambeu minha mão, aconchegou-se um pouco mais em mim, como se me consolasse pela última vez. Então fechou os olhinhos e ficou quietinha.
          A médica veterinária aplicou-lhe um analgésico, que a fez dormir imediatamente, de tão debilitada que estava. Quando foi dada a anestesia geral para o procedimenhto final, seu coraçãozinho enfraquecido parou de bater.
          Isso aconteceu em julho de 2010, ela iria completar 14 anos. Ainda choro sua falta. Minha casa nunca mais será a mesma sem a presença de minha mais fiel amiga e companheira. Seu amor por mim era incondicional. Ela me amava do jeito que sou, sem  exigir nada em troca.
          A você, Sasha, minha grande amiga, obrigada pelos quase 14 anos de alegria e fidelidade!


7 comentários:

  1. Ai Tia... chorei só de imaginar a dor de perder a Sasha. Enquanto lia o post, pensei na Meg (que vai fazer 11 aninhos esse ano) e que faz coisas bem parecidas. É um amor inexplicável! Não consigo imaginar nossas vidas sem ela, mesmo sabendo que isso um dia vai acontecer. Amar e ser amado por um animalzinho nos faz pessoas melhores e, com toda certeza, mais felizes.

    Bjs,

    Junia

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  2. Já tive uma cadela pastor belga, parecia com tigre pois era preta e rajada de branco. Depois dela não quero mais saber de animais pois é difícil tratá-los como tal! Eles demonstram carinho por nós e depois sofremos com sua perda! Bjs p/ ti e para o Bonitão!!!!

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  3. Muito triste... chorei só de ler, imagina viver tudo isso!. beijos

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  4. Lindo, lindo, lindo...
    Chorei até!
    Animal de estimação, o nome já diz tudo...
    Que saudades do nosso casal de labrador...
    Beijos pra vc!

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  5. Nunca desejei ter um cachorro mas depois que a Sophia me pediu um cãozinho umas 3 milhões de vezes (rsrsrs)resolvi "permitir" a chegada de uma poodle aqui em casa.
    O nome dela é Chérie.
    Adivinha o que aconteceu? Me apaixonei pela danadinha. Ela é um amor! Fará um aninho em maio. É a alegria da casa!
    Foi muito bom conhecer essa amizade tão linda entre você e a sua Sasha. São recordações preciosas que vão ficar para sempre em seu coração.
    Grande abraço!

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  6. Querida, também desabei.Não há evitar. A Meg também é minha dona, ensinou-me a amar todos os animais, a conhecer seus sentimentos, a perceber que são irresistíveis. amorosos. possessivos e sobretudo fiéis. Entendo seus sentimentos. Entretanto. não sei como preparar para o pior. Sei que, mais dia, menos dia, isso irá acontecer. Contudo, gostaria que os bichos fossem para sempre, porque amá-los é transcender o entendimento, ficar sem eles é suportar a dor inigualável.

    Linda crônica e merecida homenagem!

    Beijos,sdd...

    Kesia

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  7. Ai, Li, só quem já teve um amor incondicional como o da Sasha por você consegue sentir a riqueza de cada parágrafo de sua narrativa.
    Se chorei? Me debulhei!
    Creio que a Nikita já foi-se também, não é? (Certamente estão brincando juntas nesse momento). E o Pequeno, ainda o tem? E a Dolly?
    Ontem ainda estava relembrando com meu marido dos nossos cães. Minha mãe nunca os quis, e assim que me casei, adivinhe? Compramos nosso primeiro boxer. Uma boxer inesquecível foi a Duna. Qualquer dia escrevo sobre ela,s ei que irá adorar. Hoje, temos apenas cinco gatinhos de rua que foram se chegando... Ah, temos dois netos peludos, que moram em São Paulo, adotados pela minha filha, quando esta vem nos visitar temos que deixar nossos bichanos trancados em nosso quarto, não tem jeito de eles se entendenrem, pois cresceram separados. Portanto, agora há duas alegrias: para mim quando minha filha chega, e para os gatos, quando minha filha vai!
    Saudade de você, Eliane!
    Mas se há saudade sinal que houve algo muito bom!
    Muita paz e ótimas energias para você, minha amiga inesquecível.
    Beijos,
    Rose

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Obrigada pelo comentário!