Memórias e Outras Histórias - Vestido de noiva

Quando criança eu era muito "criativa". Vivia inventando coisas e me divertia com isso. Não podia ficar sozinha e as ideias brotavam como água na fonte.
Uma tarde minha mãe saiu com meus irmãos e fiquei em casa para fazer as tarefas da escola. Assim que terminei, como sempre fazia, fiquei pensando em como me distrair. Lembrei-me do vestido de noiva de minha mãe. Era lindo, de uma cor meio creme, pelo tempo em que estava guardado; cheio de botõezinhos no corpo e na nas mangas longas. Maravilhoso!
Vesti-o, olhei-me no espelho, e não satisfeita, resolvi fazer ginástica na barra que havia no quintal - eu era ginasta de barra no colégio e meu pai havia construído uma em casa para que eu treinasse .
Pulei na barra e comecei fazer as evoluções. Claro que o vestido longo atrapalhava, mas isso tornava o treino mais emocionante. Virava daqui, virava dali, me contorcia. Foi uma festa!
Por fim resolvi pendurar-me de cabeça para baixo. Ao fazer isso, o vestido que estava largo, caiu todo para baixo e ficou preso apenas nos punhos. Imaginem a cena - eu nua, com um monte de panos pendurados em direção ao chão.
Claro que não consegui voltar as mãos para a barra, pois o vestido impedia. Minhas pernas foram doendo e ficando adormecidas. A única solução encontrada foi cerrar os dentes enrijecer os punhos e soltar-me da barra de cabeça para baixo.
Foi um tombo e tanto. O vestido rasgou-se com o impacto e meu pulso direito "abriu" fazendo com que necessitasse tratamento por muitos anos, além de usar uma pulseira de couro que me atrapalhava bastante.
Minha mãe não conseguiu nem ficar brava, pois como me conhecia bem, sabia que tudo era fruto de uma mente muuuito criativa!

Lembrei-me desse episódio após ler o comentário de minha amiga Zelinha na crônica "O formigão". Obrigada, Zelinha, pela dica. Limarchiori